segunda-feira, 21 de junho de 2010

Uma conversa metalingüística sobre leitura

texto: Maurício Canuto
Segundo Chartier (2001), a leitura sofreu transformações que acompanharam a evolução da sociedade. No século XIX, o modo e o grau de leitura eram diferentes dos atuais. Durante o surgimento do livro, a escolha do livro era uma encomenda direcionada para um leitor que tinha como público a classe burguesa. Atualmente, esse cenário é diferente, mas com a comercialização do livro didático se compara a essa mesma prática.
Vê-se o leitor atual como consciente daquilo que quer ler, isto é, ele pode selecionar e optar pelas leituras que quer fazer. Esse tipo de escolha fica à mercê do tipo de leiturização que esse indivíduo possui.
A mídia é responsável, em certo grau, pelo afastamento do leitor. Uma avalanche de informações é jogada ao leitor, porém como classificá-las? Essa pergunta perturba os lingüistas: Qual é a forma recomendada de alterar as demandas de ensino e de leitura vigentes?
O que afasta uma criança ou um jovem da leitura de um livro não é só a televisão, o mundo virtual, as mudanças no convívio familiar, o tipo de vida urbana intensa, pois essas relações com a leitura fazem com que ela se torne apenas uma atividade da esfera acadêmica e não um momento de constituição de sentido.
A partir do momento em que a leitura torna-se um dever, ela desvincula-se da função de construção de visões de mundo , pois se torna uma leitura isolada, além de ser preservada e vinculada a leituras unívocas.
A escola como instituição é nomeada como um espaço privilegiado para a leitura, mas vale ressaltar que a leitura está em todas as esferas sociais. Segundo Foucaumbert (1994), é necessário que ocorra a descolarização da leitura para promover a leiturarização da sociedade. A leitura feita na escola precisa ser um “acalanto”, para que o leitor perceba que ele constrói significados. Dessa forma, é possível que cada leitura seja direcionada, podendo escolher como e a maneira que será lido o texto, para que haja autonomia para decidir o que ler e como.
Esse é, em resumo, o objetivo do livro de Daniel Pennac que, magistralmente, procura “tematizar” como a leitura é feita e a sua importância para a sociedade.

PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993

Um comentário:

Elvis de Moura disse...

Bacana essa reflexão sobre a leitura.