quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Menina que Roubava Livros




O Autor




MARKUS ZUSAK[1] é o autor de Fighting Ruben Wolfe, Getting the Girl e I Am the Messenger, todos acolhidos com críticas radiosoas nas revistas Publishers Weekly, School Library Journal, KLIATT, The Bulletin e Broklist, e recebeu o Prêmio Livro do Ano para Leitores Mais Velhos, concedido pelo Conselho Australiano de Livros Infantis.
Falando de suas razões para escrever A Menina que Roubava Livros, ele explica: “Eu queria escrever algo muito diferente do que tinha escrito antes. A idéia de um ladrão de livros estava em minha cabeça quando escrevi I Am the Messenger, mas não estava pronta para ser escrita. A idéia original ambientava-se no presente, em Sidney, e isso não parecia muito certo. Depois, pensei em escrever sobre as coisas que meus pais tinham visto, ao crescerem na Alemanha nazista e na Áustria, e, quando juntei as duas idéias, a coisa pareceu funcionar, especialmente quando pensei na importância das palavras naquela época, e naquilo em que elas conseguiram levar as pessoas a acreditar, assim como levá-las a fazer.”


Markus Zusak mora em Sydney, na Austrália.


[1] Extraído da própria obra: “A Menina que Roubava Livros”



Sinopse:



Entre 1939 e1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a Própria, de tão impressionada, decidisse nos contar a sua história. História que, nas palavras dirigidas ao leitor pela ceifadora de almas no início de A Menina que Roubava Livros, “é uma dentre a pequena legião que carrego, cada qual extraordinária por si só. Cada qual uma tentativa – uma tentativa que é um salto gigantesco – de me provar que você e a sua existência humana valem a pena”.
Essa mesma conclusão nunca foi fácil para Liesel. Desde o início de sua vida na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido de sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer nos colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona-de-casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, O Manual do coveiro. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro dos vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatros anos seguintes.
E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto da sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vandenburg, o judeu de quem ela prometera jamais falar.
Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Alguns apenas passam por sua vida, outros a acompanham até que não lhes seja mais possível, outros estão mais perto do que parecem. Mas só quem está a seu lado por todas as 500 páginas de A Menina que Roubava Livros, só quem testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhecê-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena.

“Quando a Morte conta uma história você deve parar para ler”





Discussão:

Início a discussão retomando a fala de Nelly Novaes Coelho (2002), no seu livro Literatura Infantil – Teoria. Análise. Didática:

“O valor literário de cada obra não se mede por sua inserção nessa ou naquela corrente ou tendência, mas pela consciência literária revelada pela matéria trabalhada pelo corpo verbal e também pela adequação dessa matéria às forças renovadoras mais atuantes no momento de sua produção”.

Isto é, não existe uma distinção, um modelo, uma forma correta e própria para se escrever um texto e torná-lo literário e de boa qualidade. Para Márcia Abreu (2006) quem classifica e elege alguma obra como própria ou não de literariedade são as chamadas instâncias de legitimação[1].
A capacidade de legislar dessas instâncias é, portanto, bastante grande. Mas não é total. Cada grupo social e, principalmente, cada grupo cultural têm um conceito sobre o que seja literatura, e tem critérios de avaliação próprios para examinar histórias, poesias, encenações, músicas etc.
A suposta existência de valores absolutos faz que se julguem todas as obras imaginativas com uma mesma bitola. O resultado é previsível: obras não eruditas são avaliadas como imperfeitas e inferiores.

Essa introdução foi necessária para poder enfatizar que não devemos avaliar simplesmente uma obra como própria para aquela idade, por exemplo. Mas, sim se a obra literária escreve para a espécie humana, Silva (2005) cita alguns exemplos de leitura que fez e as mesmas foram classificadas como menores, por serem distribuídas para o público infantil.
No livro A Menina que Roubava Livros algumas características estilísticas/estruturais da literatura infantil/juvenil contemporânea é freqüente como, por exemplo, a efabulação. Uma menina que vê a morte a sua frente, mas nunca desiste de sonhar e através das palavras encontra forças e incentivos, além da oportunidade de ver o mundo que está ao seu redor de outra maneira. Apesar dos problemas sofridos na, então, Alemanha nazista Liesel (narradora-personagem) se vê amparada pelos livros.
Em cada livro roubado, por Liesel, uma oportunidade de sonhar e camuflar os tormentos que a aflige. Seu leitor tem a chance de imaginar-se como um dos personagens, pois, em algum momento, pode-se fantasiar a realidade para amenizar seu sofrimento (a voz narradora mostra-se cada vez mais familiar e consciente da presença do leitor). Para a menina esse caminho foi essencial para a consolidação do seu caráter e o amadurecimento de uma criança entrando na fase pré-adolescente.
A narrativa é bem pontuada com uma seqüência linear e marcada por períodos históricos da época em que se passa a história. O cenário é uma pequena rua de Molching onde maior parte do enredo transcorre.
A atitude humana é posto em questão a partir do momento em que seus conflitos dão de encontro com as ações e punições de “Hitler”. Ou seja, a intenção de realismo se alterna com a atração pela fantasia, imaginário, isso foi possível com o deleito que as histórias puderam trazer-lhe.
A visualidade (ilustrações e desenhos) foi um recurso utilizado por Zusak, nessas ilustrações de Trudy White, Liesel tentou retratar sua própria existência naquele local que era preenchido pelo mundo dos adultos.


Considerações Finais

Segundo Nelly Novaes Coelho (2000) a literatura infantil/juvenil está sofrendo transformações, diferente do que muitos disseram, não é uma evolução. Ainda para a autora, o nosso leitor atual é diferente daquele que tivemos no século XIX, por exemplo.
Ele (leitor) é mais questionador, por isso a necessidade de termos uma literatura que se constrói em cima de conflitos sociais. No livro A Menina que Roubava Livros esses conflitos sociais são base para a construção da história. A partir disso a ficção subverte o real para o não real.

Citando Aristóteles: “Para o poeta não importa dizer o que aconteceu, mas o que poderia ter acontecido”.

Dito isto, é possível analisar o romance de Zusak e vê-lo como uma obra que exatamente atingiria um público leitor que é “antenado”, por novas tecnologias, porém um leitor que não conhece alguns fatos que marcaram a formação da sociedade na qual ele faz parte.
Esse livro instiga seu leitor, sem distinção de idade a ler uma página atrás da outra, em busca do poder maravilhoso contido no mundo nas palavras.



[1] Consulte no Cap 1 quais são as instâncias de legitimação “Cultura Letrada: Literatura e Leitura”
Bibliografia Consultada:

ABREU, Márcia. Cultura Letrada: Literatura e Leitura. Editora Unesp. São Paulo, 2006.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Arte Conhecimento e Vida. Editora: Fundação Peiropolis. São Paulo, 2002.

____________________. Literatura Infantil Teoria Análise Didática. Editora: Moderna São Paulo, 2000.

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